Notícia

Prevenção Combinada

14 out, 2018 | Fonte: UNAIDS

Novas estratégias de prevenção surgem como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV ampliando a gama de opções que os indivíduos terão para se prevenir contra o vírus e oferecendo mais alternativas – cientificamente eficazes – em relação à única opção disponível até pouco tempo atrás: o preservativo.

Entre as novas estratégias para a prevenção da transmissão do HIV destacam-se o uso do Tratamento como prevenção (TASP, em inglês, ou TcP, em português), a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP).

Tratamento como prevenção

O uso de medicamentos antirretrovirais faz com que as pessoas vivendo com HIV/AIDS alcancem a chamada “carga viral indetectável”. As evidências científicas também mostram que pessoas vivendo com HIV/AIDS que possuem carga viral indetectável, além de ganharem uma melhora significativa na qualidade de vida têm uma chance muito menor de transmitir o vírus à outra pessoa.

Outro estudo recente bastante respeitado e que complementa estas evidências é o PARTNER. Ele só será concluído em 2017, mas os dados divulgados ano passado mostraram que nenhum paciente com carga viral indetectável – gay ou heterossexual – transmitiu o HIV ao parceiro sorodiscordante nos primeiros dois anos do estudo.

Profilaxia Pós-exposição (PEP)

A PEP é a utilização da medicação antirretroviral após qualquer situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV. A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo – por isso a importância de se iniciar esta profilaxia o mais rápido possível após o contato: em até 72 horas, sendo o tratamento mais eficaz se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição. O tratamento deve ser seguido por 28 dias.

Profilaxia Pré-exposição (PrEP)

A PrEP é a utilização do medicamento antirretroviral por aqueles indivíduos que não estão infectados pelo HIV, mas se encontram em situação de elevado risco de infecção. Com o medicamento já circulante no sangue no momento do contato com o vírus, o HIV não consegue se estabelecer no organismo.

Evidências comprovaram que a PrEP se trata de uma estratégia eficaz, com mais de 90% de redução da transmissão e sem nenhuma evidência de compensação de risco. Nos estudos, pessoas que usaram PrEP não aumentaram número de parceiros, nem a incidência de outras DSTs e, além disso, tiveram maiores taxas de uso consistente de preservativo.

No Brasil, a PrEP começou a ser disponibilizada pelo SUS em dezembro de 2017 e está disponível em 36 serviços de saúde em 22 cidades brasileiras. Acesse aqui a lista completa dos serviços de saúde.

Assim como o preservativo, todas essas novas estratégias devem ser vistas e consideradas como novas opções no leque de estratégias que compõem a prevenção combinada ao HIV.

Diretrizes de Tratamento para o HIV 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente que atualizará suas recomendações de tratamento para contemplar todos os indivíduos vivendo com HIV, independentemente de sua contagem de Linfócitos T CD4 – glóbulos brancos do sistema imunológico encarregados de defender o organismo do HIV. Este será um passo importante que representará, provavelmente, a última mudança neste tipo de recomendação ao longo destes 30 anos de resposta à epidemia de AIDS.

Evidências científicas demonstraram que as pessoas vivendo com HIV que iniciavam tratamento mais cedo tinham uma melhor evolução da doença a médio e longo prazo, com menos complicações, menos infecções oportunistas e maior expectativa de vida, se comparadas com pessoas que iniciaram o tratamento mais tardiamente. Além disso, estes dados também mostram que pessoas vivendo com HIV/AIDS que possuem carga viral indetectável – graças ao tratamento antirretroviral – têm uma chance muito menor de transmitir o vírus à outra pessoa além de melhorar significativamente sua qualidade de vida.

Diante dos benefícios diretos e indiretos que a terapia antirretroviral traz tanto para as pessoas que vivem com HIV quanto para a dinâmica de resposta à epidemia, diversos organismos, agências e a academia internacional decidiram apoiar a ampliação do acesso ao tratamento para todas as pessoas com HIV, independentemente do nível do CD4.

Protocolos para o Tratamento do HIV no Brasil

Desde 2013, o Ministério da Saúde, através do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais (DDAHV), têm disponibilizado os medicamentos antirretrovirais de forma gratuita a todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS – independente do nível do CD4. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultosimplementado em dezembro de 2013 durante as celebrações do Dia Mundial de Luta contra a AIDS, também é um marco do início da política brasileira de “Testar e Tratar” e do uso do Tratamento como prevenção pelo país.

Já o mais recente Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Antirretroviral Pós-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV atualizou as recomendações brasileiras para o uso de medicamentos antirretrovirais para a Profilaxia Pós-exposição (PEP).

Dados sobre o uso de preservativos no Brasil

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em fevereiro de 2015 – sobre a Pesquisa de Conhecimentos Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP)2013 – mostram que a maioria dos brasileiros (94%) sabe que o preservativo é melhor forma de prevenção às DST e AIDS. Mesmo assim, 45% da população sexualmente ativa do país não usou preservativo nas relações sexuais casuais nos últimos 12 meses.

A prevenção combinada visa oferecer uma alternativa a esta questão. Apesar de campanhas e do grande incentivo ao uso do preservativo, sabe-se que o uso destes é uma decisão do indivíduo e alguns não aderem de forma consistente e frequente a essa estratégia de prevenção.

Estudos e ensaios clínicos sobre a eficácia da PrEP

De acordo com os resultados apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI em inglês) pelo estudo PROUD, pessoas que tomavam uma pílula diária de tenofovir e emtricitabina tinham 86% menos chances de se infectarem pelo HIV em comparação ao outro grupo que não havia iniciado a PrEP. O estudo PROUD (orgulho em inglês) no Reino Unido recrutou mais de 500 homens que fazem sexo com homens com um maior risco de infecção pelo HIV.

Os resultados apresentados pelos organizadores de uma segunda pesquisa, a IPERGAY, também mostraram eficácia significativa no uso da PrEP. No estudo IPERGAY, metade dos 450 homens que fazem sexo com homens com maior risco de infecção pelo HIV recrutados tomou quatro comprimidos de tenofovir e emtricitabina, dois antes e dois depois das relações sexuais; a outra metade recebeu um placebo (comprimidos iguais, mas sem medicação antirretroviral). De acordo com os resultados apresentados, as pessoas no grupo que tomaram a PrEP antes e depois do sexo tornaram-se 86% menos suscetíveis a se infectarem pelo HIV.

Saiba mais sobre os avanços aqui.

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